A instituição acredita que o MPF está partindo de uma “premissa equivocada”, pois considera somente a versão oferecida pelo Cremesp, sendo esta “uma entidade que não tem competência legal para avaliar IESs [instituições de ensino superior] e que nunca forneceu o mínimo de informações às instituições sobre suas provas, de modo que deixa dúvida sobre a veracidade dos índices de aprovação neste exame”. Lamenta também que o MPF ignora as avaliações de outros órgãos oficiais com competência para indicar a qualidade de um curso, posto que a Medicina da universidade tem conceito máximo pelo MEC (Ministério da Educação).
Expõe ainda que a atuação dos graduandos em unidades públicas de saúde, bem como no HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, não coloca em risco o atendimento à população, posto que o aluno está sempre acompanhado pelo médico preceptor, além da Unoeste se tratar de uma instituição de ensino reconhecida por órgãos oficiais e que segue todas as exigências legais.
Aponta também a “incoerência” nos entendimentos do MPF e do próprio Cremesp, tendo em vista que, para este, a qualidade de ensino é atestada quando os alunos acertam mais de 60% nas provas, sendo que, no último ciclo avaliativo, o curso de Medicina obteve uma média acima do preconizado pelo conselho – isto é, maior que 60%. “Importante reforçar a própria orientação do Sinaes [Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior] de que a avaliação de um único indicador não é único critério para atestar a qualidade do curso, ou seja, o conceito de uma graduação compreende a nota do estudante, da infraestrutura e do projeto pedagógico”, argumenta.
Por fim, a Unoeste pontua que, ao ser solicitada pelo MPF, a diretoria regional do Cremesp de Presidente Prudente atestou a qualidade do ensino médico da universidade, ao confirmar, em documento oficial, que a “instituição atende aos requisitos exigidos para uma educação adequada”. “A Unoeste já manifestou oficialmente que está de portas abertas para receber visita, inclusive, sente-se honrada em mostrar o trabalho acadêmico desenvolvido em seu campus, onde é possível verificar os altos investimentos em infraestrutura e educação”, completa.
Contra o exame
Para o estudante de Medicina, Murilo Bordão, 22 anos, a culpa dos baixos índices de aprovação pela Unoeste não deve ser atribuída nem aos alunos nem à universidade, mas ao próprio exame, que não é uma “ideia muito sólida” para quem o presta. Ele ressalta que este modelo de prova é aplicado unicamente no Estado de São Paulo e, por conta disso, alunos de várias universidades fizeram um boicote ao exame há alguns anos.
Murilo relata que o objetivo do CRM (Conselho Regional de Medicina) paulista era tornar a prova obrigatória para o registro, no entanto, não vê justiça nisso, até porque os egressos poderiam pegar o diploma e clinicar em outro Estado, por exemplo. “A Denem [Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina], que é o nosso órgão representante, também é contra a prova em si e a obrigatoriedade dela, defendendo outros modelos de avaliação”, argumenta.
Para o estudantes, a prova do Cremesp é a alternativa que o conselho encontrou para “lidar” com a expressiva abertura de escolas médicas no Estado e, consequentemente, o alto número de profissionais no mercado. “A pessoa está formada e foi aprovada durante seis anos numa instituição. Então, de uma hora para outra, o exame invalida a universidade?”, questiona.
Do O Imparcial
Nenhum comentário:
Postar um comentário