sexta-feira, 22 de setembro de 2017

46 municípios têm menos de 10% de mata atlântica; Anastácio está entre eles



Preservar o meio ambiente é uma ação fomentada diariamente. Mas, na Semana da Árvore, o assunto vem à tona com mais força. Na região, alguns dados revelam que não há muito que comemorar. De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica, dos 53 municípios que compõem a 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo, 46 possuem menos de 10% da mata atlântica original de cada cidade. Em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o levantamento divulgado na última semana, por meio de uma ferramenta do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, levou em conta os anos de 2015 e 2016. Juntas, as cidades do entorno detêm uma área de 156.087,10 hectares (ha).

Não é preciso entender do assunto para saber que a situação não é das melhores. Porém, para quem vive e trabalha com o meio, relata que o número é, de fato, preocupante. É o caso do ambientalista Djalma Weffort. Ele argumenta que tais dados impulsionam dois problemas. “De primeiro momento, a gente percebe um descompasso com a lei, uma vez que Código Florestal estabelece o mínimo de 20%. E, em seguida, constatamos uma insuficiência para dar sustentabilidade a essas matas”, completa. Djalma ressalta que, no caso, o cenário atual gera uma dificuldade de garantir a perpetuação da fauna e da flora para essa e futuras gerações.

Dentro do levantamento (veja a tabela), apenas uma cidade da 10ª RA agrega o percentual mencionado pelo Código Florestal, conforme citado pelo ambientalista. O município de Teodoro Sampaio – onde está localizado o Parque Estadual Morro do Diabo - ainda conta com 27,53% de sua mata original, o que representa a maior reserva da região, equivalente a 42.843,89 ha, seguido por Rosana e Pauliceia.

Ainda de acordo com Djalma, isso ajuda a explicar outro ponto fundamental, que é a necessidade de ter unidades de conservação como uma arma para a preservação. “Nessas três cidades citadas, nós possuímos as chamadas APP [áreas de preservação ambiental]. Temos que criar mais espaços como estes, de preferência, ao longo dos cursos dos rios e formando corredores ecológicos”, diz.

Além disso, o ambientalista cita outros métodos que podem impulsionar melhorias e reverter o cenário atual de degradação. Ele ressalta a necessidade de uma proteção maior da flora. “Somente a restauração florestal viabilizará a multiplicação desse número. É um processo contínuo. Nós passamos mais de 500 anos destruindo, então, agora temos que agir hoje, revertendo o cenário e cumprindo o necessário para isso”, expõe. Djalma também ressalta as alterações climáticas como uma das consequências pela falta de proteção florestal e, consequentemente, diminuição da mata.

Alternativa
No entanto, em meio à baixa de biomas e desmatamento, há quem nada contra a corrente. Criado há 25 anos, o IPÊ (Instituto de Pesquisa Ecológicas) desenvolve trabalho de pesquisas e projetos que estão atrelados à conservação da fauna e da flora. Na região, para ser mais preciso, o órgão possui atuação constante nos denominados corredores ecológicos, que foram criados para reflorestar áreas degradadas e conectar unidade de conservação.

O engenheiro florestal e coordenador de projetos e pesquisas do IPÊ, Laury Cullen, conta que nos últimos 20 anos em que a ação é desenvolvida, foram plantadas 4 milhões de árvores. O instituto tem sede em Teodoro Sampaio e atua no Pontal do Paranapanema. À reportagem, ele explica que este número corresponde a quase 2 mil hectares. “É válido lembrar que a comunidade ajuda, já que essas mudas são 100% originárias da região, dos viveiros comunitários que são compostos por assentados e fazendeiros. É de onde eles tiram a fonte de renda e ainda ajudam a natureza”, pontua.
Mas não para por aí. De acordo com Laury, ainda restam quase 70 mil hectares a serem reflorestados. No IPÊ, eles possuem o Mapa dos Sonhos, um sistema que é usado para definir áreas prioritárias para reconstrução dos corredores, priorizando onde realmente vale a pena ser replantado. “É um trabalho de formiguinha. Continuamos para manter o status que alcançamos, no qual hoje é considerado o maior corredor da mata atlântica”, expõe.

MunicípiosÁrea remanescente em hectares (ha)Representação da mata original
Adamantina1.442,483,51%
Alfredo Marcondes398,973,37%
Álvares Machado724,512,09%
Anhumas445,061,39%
Caiabu1.089,464,31%
Caiuá3.335,376,07%
Dracena3.511,897,20%
Emilianópolis10554,70%
Estrela do Norte1.220,794,63%
Euclides da Cunha Paulista3.874,046,73%
Flora Rica1.403,586,23%
Flórida Paulista3.852,507,34%
Iepê1.414,272,37%
Indiana260,862,06%
Inúbia Paulista583,326,67%
Irapuru1.233,055,74%
Junqueirópolis3.924,366,73%
Lucélia783,362,49%
Marabá Paulista3.147,923,43%
Mariápolis594,703,20%
Martinópolis1.918,911,53%
Mirante do Paranapanema6.252,975,05%
Monte Castelo3.037,4613,06%
Nantes366,261,28%
Narandiba3.197,078,93%
Nova Guataporanga62,871,84%
Osvaldo Cruz846,833,41%
Ouro Verde2.711,0710,13%
Pacaembu1.804,385,33%
Panorama3.756,3310,54%
Pauliceia5.240,5514,03%
Piquerobi2.398,374,97%
Pirapozinho2.314,374,84%
Pracinha55,840,89%
Presidente Bernardes5.455,027,28%
Presidente Epitácio4.955,143,93%
Presidente Prudente2.248,824,00%
Presidente Venceslau4.277,365,65%
Rancharia4.964,453,13%
Regente Feijó341,241,29%
Ribeirão dos Índios1.284,946,54%
Rosana10.106,9313,61%
Sagres290,031,96%
Salmourão2.096,8812,17%
Sandovalina2.742,596,03%
Santa Mercedes289,471,73%
Santo Anastácio2.626,834,75%
Santo Expedito554,735,87%
São João do Pau d'Alho498,554,24%
Taciba1.185,221,95%
Tarabai753,573,74%
Teodoro Sampaio42.843,4927,53%
Tupi Paulista313,071,28%

Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica 

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